domingo, 8 de abril de 2007

Drave ... crescimento e partilha

Agora que as emoções já estão mais calmas e que o coração voltou ao seu batimento normal, é altura de recordar a aventura à Drave. Não foi apenas um destino que o Clã Impisa escolheu para uma actividade, significou muito mais. Alverca, Forte da Casa, Vialonga, Sobral de Monte Agraço e Alenquer, foram os clãs que participaram desta experiência. De 30 de Março a 3 de Abril, a aventura esperava-se aliciante, e cheia de proveitos. A noite de 30 ficou guardada para a viagem, a actividade propriamente dita, começava na madrugada de 31 de Março.
No centro de Portugal, perto de S. Pedro do Sul, fica a aldeia da Drave, mais conhecida como a Base Nacional da IV, a “casa” de todos os caminheiros. Para lá chegar, os pés revelam-se o melhor meio de transporte. A caminhada foi longa, monte acima inicialmente, e depois a descida até à Drave, curvas e contracurvas, a noite fria e a chuva que caía tornava este início de actividade cheio de surpresas e algumas dificuldades que desencadearam um grande espírito de sacrifício e de entreajuda por parte de todos.
A ânsia de chegar ao local foi aumentando, e no final da caminhada era sempre a descer. Parar, só mesmo para admirar a paisagem à qual nos rendemos desde o primeiro instante, e fotografar o espaço, e as caras de contemplação de cada um de nós, a ver tamanha beleza.
Durante a nossa estadia na Drave, efectuámos os programas que a base tem para oferecer aos caminheiros. Caminho, Comunidade, Serviço e Partida, são as quatro dimensões do caminheirismo, e sob as quais se trabalhou através dos programas. A cada dia tinha sido atribuído um símbolo relacionado com a dimensão vivida, e à medida que os vivíamos, era entregue a cada um de nós peças com o símbolo desenhado correspondente à dimensão, que no final, todos juntos constituíam uma anilha para o lenço.
O Caminho foi vivido durante o primeiro dia, o símbolo era o caminho. A caminhada até Drave, tinha pedido muito de nós, tanto física como psicologicamente e, depois do almoço e do campo montado, era chegada a altura de reflectir, individualmente e em silêncio, sobre o nosso caminho, a nossa vida, sobre o nosso Projecto Pessoal de Vida (PPV).
No segundo dia, mais descansados, cumprimos o programa Sol, que tinha como símbolo o mundo. Este realizou-se ao longo de uma caminhada por Drave, por entre os caminhos que circundam a base e nos revelam a cada trilho, uma natureza selvagem, pura e simplesmente magnífica, a qual ainda não sofreu as transformações do Homem. Este programa foi feito por equipas constituídas por elementos dos vários agrupamentos. No final da noite, a seguir ao jantar, cada equipa apresentou uma peça sobre os momentos vividos durante o dia, e cada clã apresentou a lenda da sua zona. A noite já ia longa e o dia seguinte já se esperava trabalhoso e cansativo.
Já rendidos às belezas da Drave, o terceiro dia foi dedicado à nossa base. Como todos os clãs que vão à Drave, o programa do Serviço deve ser cumprido, quer seja durante um dia inteiro, ou apenas uma parte do dia. Neste dia, o símbolo foram as mãos. Acordados bem cedo, e já à espera do trabalho forçado, foram feitas novas equipas para este dia. No alto do monte, no caminho para a Drave, muito havia a fazer. O serviço que nos ficou atribuído foi o transporte de troncos (grandes e pesados), e arranjar as “bermas” da estrada de terra batida (na qual os carros já têm dificuldade em passar). Durante as horas que se seguiram o trabalho foi feito, mais uma vez, com muita união, alegria e também esforço. O tempo não melhorava, pelo contrário, as nuvens apareceram e a partir do almoço a chuva foi uma constante. Ao fim da tarde, e de modo a que as actividades continuassem, fomos para a “Casa do Silêncio”, uma das poucas casas existentes na Drave, e que possibilitou às equipas prepararem-se para o Fogo de Conselho.
O programa da Partida ficou guardado para o último dia, e tinha o fogo como símbolo desta última dimensão. Após as arrumações do campo, e do almoço, as equipas do dia anterior reflectiram sobre a actividade e os símbolos que durante esta nos possibilitaram uma experiência mais enriquecida, um crescimento pessoal e em grupo mais profundos. A nossa estadia na Drave terminou com uma pequena cerimónia preparada pelas equipas, e que reflectiu a dimensão da Partida.
Mais uma vez, de malas e material às costas, lá fomos monte acima, até ao início da estrada alcatroada na qual o autocarro nos esperava. Se pensávamos que as aventuras tinham terminado ali, enganámo-nos. A subida foi feita debaixo de uma forte chuva, um frio muito intenso e, para ajudar, o granizo começou a cair. No final da caminhada, o sol espreitou e no céu permaneceu. Até parece que tínhamos sido submetidos à nossa “prova final”. O que é certo é que chegados ao autocarro, já mais secos, o cansaço tomou conta de todos. Uns a dormir, outros apenas a descansar e a partilhar vivências, a viagem correu sem problemas.
À medida que a hora da despedida ia chegando, o sentimento de triunfo e realização era partilhado por todos. Demos as mãos, caminhámos como um grande clã, vivemos juntos as dificuldades e as alegrias, conhecemo-nos, crescemos … agora restam as recordações, os amigos, as fotografias, os vídeos, e claro, os e-mails.
Mais do que uma actividade de escuteiros, Drave foi uma experiência de vida!!!




2 comentários:

Benjamim disse...

Drave...mais do que palavras, Drave vive-se! E essa vivência ninguém nos tira!

Eu estive lá...e tu? :P

Pois é...muitas foram as aventuras, os desafios, os momentos intensos! Houve de quase tudo o que de bom se pode viver, amizade, ajuda, trabalho em equipa, reflexão, descanço, animação...!

Além do já relatado, ficam muitas histórias para contar que nos vão ficar na memória, algumas durante algum tempo, outras talvez para sempre!

Relembro algumas situações e momentos...nomeadamente uma das noites em que se deu o episódio do "Bob"...para quem assitiu (eu e pouco mais) foi o riso total! O episódio da carrinha que não quis trabalhar...os que lá permaneceram já viam a vida a andar para trás...ou pelo menos, um autocarro a partir sem nós! (agora é giro...mas na altura nao teve mta piada) Ou então, o momento no autocarro em que todos ansiavam por comida e "minis"...e quando se chegou à estação de serviço foi "a corrida mais louca do mundo"!
Enfim...e estas foram só situações caricatas...além destas houve todos os outros momentos que nos enriqueceram como pessoas e como grupo de amigos em que nos tornamos!

Resta-me desejar que este grupo nunca sesepare e que a partida de alguns 8a minha provavelmente) não seja motivo para perdermos esta forte ligação que nos une! ;)

Cumprimentos ao clã de Alverca e a todo o clã Impisa! Somos os máiores! :D

Ana Marujo disse...

É bom voltar depois de umas pequenas férias e ler este texto.
À medida que ia lendo o texto cresceu um arrepio...e o final um mega sorriso!
É por estas e por outras que vale a pena ser escuteiro...
Um beijo para todo o Clã 16!