terça-feira, 4 de novembro de 2008

"eu já não estou nos escuteiros..."

Recentemente, por acaso, um pai de escuteiro perguntou-me quando se iniciavam as actividade e, pela primeira vez, respondi a alguém que não me é próximo e que não me "conhece" que tinha abandonado os escuteiros.

O choque veio, milésimas de segundo, após proferir as palavras "eu já não estou nos escuteiros..." e surpreendeu-me até a mim próprio pois nunca, até ao momento, o facto me pareceu tão real e definitivo.

O "velhote" escreveu uma carta de despedida... parece-me indicado que eu escreva um post.

Ao longo da vida aprendi muito por estar nos escuteiros, muito com as pessoas que faziam parte da associação, muito com aqueles que tinha que co-educar, muito com os risos e ainda mais com os momentos difíceis. Todos nos influenciamos mutuamente e acreditem que vocês, todos, azuis, amarelos, vermelhos, verdes e Verdes estarão para todo o sempre no fundo da minha alma a ajudar-me a escolher o caminho.

Neste caminho da vida fui aprendendo com os escuteiros lições de vida que duvido que conseguiria aprender se não tivesse feito parte desta família. Elas são-me extremamente valiosas e gostava de partilhar algumas convosco.

A primeira "lição de vida" que aprendi foi que em equipa é possível o impossível, e que juntos somos todos realmente mais fortes do que a soma das nossas forças isoladas. Para mim foi uma revelação muito grande quando a tive e, enquanto pioneiro, pensei que nada nos poderia parar...




A segunda "lição de vida" que aprendi veio colocar a primeira na perspectiva correcta. Aprendi que o difícil não era "ser mais forte", "ir mais além", "ganhar mais prémios". Difícil era convencer os outros, a equipa, a desejá-lo, a querê-lo mais do que o conforto da própria cama e a preguiça do seu sofá, a ser parte activa do objectivo final, basicamente, difícil era ser o líder.
Com esta lição descobri que, na maior parte dos casos, ser líder implica ser o primeiro a fazer algo, por vezes sozinho, e com a esperança que a nossa atitude convença o resto da equipa a tomar uma idêntica.
Ter a coragem de dizer não, de não fazer como de costume e ser diferente, de pensar por mim próprio e de ser O primeiro a "empurrar a árvore" é algo que, sinceramente agradeço a Deus, por ter ganho nos escuteiros.



Eu faço aquilo que acredito ser o mais correcto e, principalmente, tento não ter medo e vergonha de o gritar bem alto, independentemente do que os outros possam pensar. Descobri com os escuteiros que é muito mais difícil viver com o sentimento de que EU não fiz o que estava correcto do que com o sentimento de que "o outro" acha que eu não fiz o que deveria.

Tento manter-me fiel ao que me parece correcto mas isto não que dizer que não devemos tentar sempre ver o lado do outro. Por muito cabeçudo que vocês me achem, eu ouço, eu escuto, eu pondero e decido tendo em conta o que ouvi e pensei. Eu não sou, nem pretendo ser, perfeito mas lutarei para todo o sempre, por aquilo que acredito que esteja certo.

Este é o meu conselho, lutem por aquilo em que acreditam, pois tudo o resto, bem analisado, volta sempre a dar-nos a mesma lição.

Boa caça,
Texugo lateiro